PRESCRIÇÃO DIETÉTICA NO INÍCIO DA TEMPORADA
O início de temporada para o alto rendimento é marcado pela fase adaptativa de treinamento no qual os atletas são impulsionados à recuperação do condicionamento alterado durante a pausa das festas de fim de ano. Neste momento, é imprescindível o trabalho nutricional que, alinhado ao treino, agrega pelo balanceamento de nutrientes, o suporte ideal para estes esportistas.
Com as mudanças estruturais de treino devido à pandemia, as cargas e adaptações estão sendo ajustadas de acordo com o calendário de cada modalidade. Assim, é possível ver a complexidade das estratégias nutricionais para cada indivíduo.
Estima-se que as mudanças ocorram de forma distinta em cada grupo. Exemplificando com os atletas pré-classificados para os Jogos Olímpicos, que possuem um curto espaço de tempo até a competição, com o ajuste temporal nas modalidades, espera-se que cada período seja realizado com bastante cautela e que os atletas respondam às demandas fisiológicas rapidamente e sem intercorrências.
Pensando em afiliar relações simbióticas relativas à saúde, autonomia, qualidade de vida e performance, a nutrição aparece estrategicamente para auxiliar na retomada dos esportistas. Individualmente, cada atleta precisa de atenção distinta para recuperar danos de ganho pontual de peso gordo, catabolismo muscular ou até mesmo de timing de retorno de condicionamento físico. Ao analisar funções, atividades e sistemas energéticos com os quais se associam à atividade muscular encontram-se lacunas com as quais, eventualmente, a equipe se depara no início de uma temporada atípica.
Além do equilíbrio nutricional necessário à fase de treinamento, o uso de suplementos em interação pode auxiliar na melhor tempo-resposta dos indivíduos, mediante cada estimulo. Bioquimicamente, é possível antecipar o progresso de tais esportistas com o auxílio de ergogênicos, desde que sejam utilizados sinergicamente à solicitação fisiológica e interação precisa a cada insumo ingerido pelo indivíduo.
Dentro de situações opostas, é importante se ater ao consumo anterior e habitual do atleta, ajustando, assim, uma provisão vital de estímulos que atendam e determinem uma condição e nível de atividade/capacidade esperada. Acerca das diferentes situações encontradas e considerando a individualidade biológica de cada um, é possível delimitar funcionalmente aquilo que poderia ser efetivo em uso habitual na rotina destes indivíduos.
Estudos demonstram que alterações mais comuns ao retorno são referentes ao aumento de peso e redução de massa magra devido à redução de atividade. Dentro destes aspectos, as manobras mais comuns estão ligadas ao uso de aminoácidos livres, objetivando melhor tempo de recuperação muscular, ganho/retorno de massa magra, melhora do metabolismo basal, dentre outras contribuições.
O uso de vitamina C, Selênio, Zinco, Glutamina e outras matérias primas também são usuais, devido às mudanças associadas ao sistema imunológico em um ciclo de treinamento bastante exigente como o do começo de temporada. Igualmente importante não esquecer da importância e espera de resultados mais positivos em relação ao balanço energético e hipertrofia estimados para suporte nas modalidades.
Nesta fase, é comum se deparar com o dano muscular e dor tardia relacionados a estímulos contráteis diferentes. Muitas vezes, essas situações incitam a necessidade de uso de aminoácidos livres, como a arginina e leucina, buscando evitar um delay de reflexo motor e de tempo de recuperação, corroborando com a progressão das habilidades de base e específicas.
Dada a importância da preservação das estruturas citadas e a possibilidade de acelerar a evolução dos atletas, a forma mais relevante de obter resultados, está associada a uma mudança essencial de conduta alimentar e suplementar dos esportistas. Considerando que cada fase de treinamento possui uma exigência energética e nutricional, é importante salientar que a adesão da conduta alimentar é primordial ao efeito ergogênico esperado para cada estratégia aplicada.
Caroline Ayme Fernandes Yoshioka é nutricionista Esportiva-EEFE/USP, mestre em Suplementação-USJT, doutoranda em Esporte-UNICAMP e consultora da Ajinomoto do Brasil no Projeto Vitória.