A FUNÇÃO DO TRIPTOFANO ALIADO À ATIVIDADE FÍSICA
A alta demanda energética indispensável à rotina de treinamento de um atleta de alta performance
sugere um plano alimentar adequado e direcionado a cada modalidade e indivíduo. Levando em consideração
restrições severas e a busca por uma composição corporal correspondente à necessidade de alguns atletas é
importante observar o quanto o direcionamento e o balanço nutricional se tornam importantes para a saúde e o
desempenho esportivo (ROBERTSON e MOUNTJOY, 2018).
O planejamento nutricional está diretamente relacionado à periodização sugerida pelo treinador e à
rotina acompanhada pela equipe multidisciplinar do atleta, portanto é essencial que existam interações
alimentares distintas em cada fase de treinamento. Em períodos pré-competitivos, alguns fatores comportamentais
geram aumento da ansiedade, o que pode influenciar na qualidade do sono e na recuperação, bem como no aumento do
estresse do esportista.
É possível encontrar em estudos atuais informações sobre a influência e o uso de aminoácidos no
esporte. Vários autores exploraram intervenções nutricionais associadas ao sono e à recuperação de atletas e
encontraram influências positivas no consumo de alimentos ricos em triptofano, encorajando efeitos ergogênicos
no desempenho dos mesmos (DOHERTY et al., 2019).
O efeito terapêutico de alguns aminoácidos mostra-se efetivo na recuperação do sono e em processos
inflamatórios decorrentes do exercício físico (STACCHIOTTI et al., 2020). Em uma aplicação atual, foi inserido o
consumo de kiwi e suco de cereja, fontes de L-triptofano, na dieta de atletas em fase de treinamento
pré-competitivo mostrando-se efetivo na resposta imunológica, recuperação e desempenho esportivo (HALSON,
2014:ZIMBERG et al., 2019).
Coadjuvante ao estimulo da síntese de serotonina e transporte de triptofano no cérebro, a ingestão
de carboidratos aparece em interação positiva no sono e, potencialmente, na recuperação dos atletas (NEDELEC et
al., 2015: HSUEH et al., 2018).
Envolvendo muitas linhas de neurotransmissores, pesquisas demonstram o papel fundamental do
exercício no aumento da concentração da serotonina e na liberação de aminoácidos precursores como o triptofano
(DOHERTY et al., 2019). Intervenções funcionais demonstram melhora da regulação do sono e interações positivas
com o aumento da ingesta de fontes de aminoácidos essenciais paralelamente à ingesta de carboidratos,
apresentando, assim, efeitos terapêuticos no esporte e na performance.
Outras implicações interessantes referentes às efetivas funções no estado de humor e ansiedade ainda
permanecem em estudo, podendo ter diferentes potenciais ergogênicos no cotidiano dos atletas.
Caroline Ayme Fernandes Yoshioka é nutricionista Esportiva-EEFE/USP, mestre em Suplementação-USJT, doutoranda em Esporte-UNICAMP e consultora da Ajinomoto do Brasil no Projeto Vitória.