EU ATLETA VEGETARIANO, E AGORA?
Nos últimos tempos, muitos esportistas estão optando por um estilo de vida “plant based” motivados por uma preocupação com o meio ambiente e por propósitos defendidos eticamente por grupos que identificam nessa escolha uma maneira para contribuir e servir de exemplo para a construção de um mundo mais “clean”. Importante sempre lembrar que adotar um estilo não necessariamente deve ser motivo para julgar as adesões de outros grupos.
Com a grande discussão sobre o veganismo e a performance, estudos demonstram benefícios em ambas as dietas: tanto com escolhas vegetarianas quanto aderindo a proteína animal. É importante entender e respeitar nutricionalmente a predileção consensual de cada indivíduo, lembrando que ambas vertentes trazem benefícios sólidos à saúde e ao desempenho, desde que tenham associações coerentes e planejamentos calculados (MULLINS e ARJMANDI, 2021).
Uma questão bastante importante acerca do assunto está relacionada à ingesta proteica, ganho de massa muscular e direcionamento do atleta vegano, considerando suas necessidades e gasto energético de acordo com a carga de treino. É necessário averiguar a modalidade associada ao esportista, sistema energético recrutado, individualidade biológica, entre outras questões nutricionais específicas (LUZ, 2008).
De fato, nem todo esporte depende tão propriamente de uma proteína de alto valor biológico para realizar síntese, melhorar tempo de recuperação e contribuir para outras vias/sistemas, pois sempre existem adaptações. Uma relação importante a ser considerada é que muitos adeptos ao “plant based” entram sem transição nesse estilo de vida. Acerca disso, autores discutem a melhor maneira de se ajustar às escolhas, a fim de não desequilibrar os macros e micronutrientes necessários à rotina do atleta.
Artigos alegam as propriedades antioxidantes, fonte de fibras, efeitos anti-inflamatórios, balanço energético positivo e grande potencial imunossupressor na dieta vegana (MONTEIRO et al., 2020). Mas a grande relação de adequação proteica no alto rendimento está na interação sólida de complexo B, ferro e outros marcadores que geram um padrão bioquímico.
Claramente, existem benefícios associados às escolhas confrontadas e é importante respeitar os aspectos positivos de cada grupo. Mas uma relação a ser esclarecida e pontuada é que, em determinados níveis, os atletas podem necessitar da suplementação de aminoácidos, whey protein, complexo B e outros, de acordo com a carga de treinamento diário, para fornecer substrato imediato quando os intervalos entre os treinos não se mostram ideais ou em situações atípicas às rotinas dos atletas com as quais é importante se ater a riscos de lesão por sobrecarga (CELKA, 2016).
As indústrias têm desenvolvido suplementos alimentares com bases veganas e absorção facilitada para que sejam supridas necessidades imediatas e complementares quando existe inviabilidade por meio exclusivo da alimentação. As informações referentes aos suplementos de base vegana visam contribuir pontual e efetivamente com a carência de substratos práticos, de rápida resposta e absorção para os atletas.
Exemplos disso são as proteínas provenientes da ervilha e do arroz, bem como aminoácidos livres essenciais e semi-essenciais produzidos para absorção mais rápida, efetiva e complementar à ingesta diária.
Sumarizando a respeito de um assunto tão polêmico, existem variáveis infindáveis que qualificam ambas as escolhas de estilo de vida. E ambas vertentes necessitam de acompanhamento nutricional especializado para precisão e equilíbrio de nutrientes calculados individualmente acerca de uma rotina diária de treinamento e pertinente à fase maturacional de atletas em desenvolvimento.
É importante considerar que existem casos distintos de esportistas patologicamente comprometidos ou com marcadores que precisam de atenção do profissional. Assim, a prática ou realização profissional do esporte determina saúde e longevidade.
Caroline Ayme Fernandes Yoshioka é nutricionista Esportiva-EEFE/USP, mestre em Suplementação-USJT, doutoranda em Esporte-UNICAMP e consultora da Ajinomoto do Brasil no Projeto Vitória.